Todos os momentos, todos os sonhos, todas as palavras.
Tudo parece tão distante, mas tão próximo do meu coração.
Pergunto-me se não terá sido uma ilusão. Pergunto-me o que teria acontecido se tivesse dito não essa palavra, mas a outra. Teria tido mais significado?
Um aperto segue-se ao pensamento.
Vagueio agora pelas ruas da inexistência. Ando perdida, sem rumo, só me resta deixar-me levar, à espera que o destino me encaminhe. Resta-me apenas confiar nesse que tanto me magoa, mas que tanto me pode surpreender.
Inesperadamente esse leva-me ao ponto de partida:
E se…? E se…?
Todos esses ‘E’, todos esses ‘se’… Repetições infundadas que acabam com cada batimento, com cada esperança, com cada faceta minha, apenas deixando um ‘Eu’ não fragmentado, apenas um ‘Eu’ que eu não sou.
Tento lembrar-me de respirar para não sufocar nesta angústia, tento lembrar-me que o tempo leva consigo todas essas mágoas, esbanjando-nos com novas oportunidades, apenas tento.
Passo desenfreadamente a mão por todos os cantos do meu corpo e fico subitamente aliviada. Pensara que me tinha desmanchado em mil pedaços, pronta a ser arrumada na gaveta do esquecimento, mas não, foi apenas meu coração que se despedaçou, apenas meu coração. Minha alma, meu corpo, meu intelecto continua intacto.
Porquê?

Não teria sido menos doloroso aniquilar tudo de um só golpe? Preferia isso a esta tortura lenta e agressiva…

Só me resta agora esperar pelo antídoto.
Só me resta ver essa luz para mim invisível neste presente sombrio.



Só me resta, simplesmente, isto.

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