É estúpido.


É injusto.




É estúpido pensar sobre algo que nunca existirá. Perder-me nas mil e uma noites de fantasia, sabendo que isso não mudará nada. Continuarei no momento seguinte a ser simplesmente eu. E tu continuarás aí, indiferente.
Continuarei a suportar todas as frias manhãs, todos aqueles momentos que se tornam por si gélidos. Nunca me importei com o frio, apenas a chuva me incomoda. Mas quando essa geada me invade o coração, meu sangue deixa de correr nas veias. E por mais roupas, mais camadas que ponha, será sempre Inverno no meu Mundo real. Pois a minha alma teima em se aquecer apenas com esse teu abraço, com esse teu perfume distinto.
Volto então à minha Primavera, ao meu Verão, aos meus sonhos. Esse lugar onde tudo é possível. Onde te encontras feliz, a meu lado. Onde eu sou dona do meu Destino.

É injusto haver este sofrimento. É injusto seres tão imprevisível, Amor .

Simplesmente deverias avisar. Deverias ser natural, como tudo o resto.
Deverias existir para seres correspondido, para seres consumado. Não para te extinguires, como mítico e magnífico que és, e deixares cicatrizes profundas.

Deverias ter permissão, deverias poder ser criado, deverias até ser punido por provocares esta agonia.
No entanto, não há poções, nem feitiços, ou mesmo alquimistas que te criem; nem impossibilidades que te proíbam; ou mesmo lágrimas, gritos e almas corroídas que te envenenem.



E eu, ciente desta imensa loucura, continuarei no meu Inverno, esperando a Primavera da minha Vida.

Ao som do coração


Por todas as notas, todos os intervalos e acordes, todas as cadências e músicas que aprendi a tocar num Conservatório, não houveram notas, nem intervalos e acordes que me chegassem ao coração.
Eram apenas sons disformes e distantes daquilo que eu represento.
Regras, perfeição, impessoalidade. Tudo isso que ninguém realmente é.
O tocar por tocar, o tentar para não fracassar numa classificação. E quem não tenta combater esses juízos de valor, essas ânsias de agradar a toda a gente, todos os dias?

Porque ando no Conservatório da vida?

Simples. Agora que estou preparada, que já aprendi todas as regras da vida, todas essas notas, intervalos e acordes e até mesmo cadências... e por todos os erros que já cometi nas várias músicas que aprendi a tocar, já posso escrever a minha própria peça, à minha maneira. Já posso quebrar as regras, pois já as sei;
já posso ...
já posso...

Apenas me falta um momento, um tom perfeito que faça vibrar o meu coração e que me inspire, levando-me à compilação da minha própria sintonia perfeita, essa verdadeira obra de Arte que é a minha Vida.

E quem diz que para ser artista é preciso ter talento? :)

Porque também sou fã dos surtos de Fernando Pessoa. Representam um pedaço de mim e de ti, se pensares melhor:)

«O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar... »
A ingenuidade tanto nos pode desarmar, como nos apontar uma arma ao coração.

Os homens e a sua complexa simplicidade.

Algures à deriva, a tentar perceber a imensidão de pensamentos que pairam nessa tua inviolável mente .

Medos e fraquezas todos temos,
o que interessa é a maneira como os enfrentamos. Isso é que faz de nós pessoas fortes.

(...)

Quando for grande...




Eu quero ser uma daquelas pessoas que nos minutos finais da sua existência anuncia aos filhos que é feliz e conforta-os, dizendo que vai correr tudo bem. Aquela pessoa que pega nos netos e conta histórias de aventuras fantásticas, que só nos contos de fadas se vivem.
Quero correr o Mundo, quero aprender, quero ser realmente alguém. Não quero ser uma amargurada a quem a vida ceifou a felicidade, muito contrário, quero transbordar desse magnífico sentimento, porque a vida em todos os momentos nos oferece uma oportunidade. Há que erguer a cabeça e ver o lado positivo. Quero acreditar que todos nós podemos assumir o controlo do nosso Destino, senão, qual seria o sentido da Humanidade?
Quero levar a minha felicidade a todos os cantos do Mundo e ajudar as pessoas em apuros. Quero curá-las com uma simples palavra de esperança, mostrar-lhes a vastidão do Universo e o efeito de um sorriso devastador.


Sou aquela que quer marcar e ficar reconhecida pelo seu mérito, com respeito.
Sou aquela que quer fazer tudo, uma ambiciosa sem malícia.


Asseguro que, quando morrer, apenas quero ter um coração puro, uma alma completa e um corpo desgastado.
:)

Primavera de Esperança




















Às vezes para ultrapassar estas coisas, as que nos fazem sofrer, as que agarram o nosso ser e criam uma tóxica dependência na nossa alma é preciso que chegue a primavera e um passarinho doce e gentil nos baixe a guarda, deixando-nos pasmados de admiração perante tanta simplicidade. Percebemos então, de dia para dia, que o que antes era tão importante e nos assolava a alma é, agora, trivial comparado com a beleza e pureza de um inocente pássaro e da estonteante natureza.

Carnaval de Sentimentos



Naquela linda tarde, passas por mim.
Catalogas-me : Rosto bonito. Confiante. Inteligente? Talvez.
Prendo-te com os meus olhos, tentando pedir-te que me salves. E tu continuas o teu trilho, indiferente à minha tortura silenciosa. Nem sequer tentas tirar a máscara, nem sequer entender o meu olhar de súplica. Apenas mais um rosto para ti, apenas mais uma entre tantas.

Anos passam-se e volto a passar por ti.

Volto a olhar-te nos olhos, continuas intocável, demasiado perfeito, inalcançável.

Se acredito no destino?
Talvez.

Só sei que nesse dia tudo mudou: inevitavelmente, a superficialidade chegou ao fim. Eu, despida da minha máscara e talvez com frio, senti-me com medo.


E ainda me sinto.