Diriges-te a mim.
Hipnotizas-me com teu sorriso, com tuas suaves gargalhadas, com tuas divertidas e absorventes palavras. Apenas te sigo com os meus sentidos, iludidos, maravilhados.
Nesse momento, dir-te-ia que és tudo, que tens tudo.
Nesse momento não hesitaria sequer em marcar-te na minha mente, por essa tua felicidade extrema , por essa robustez da tua confiança, pela excentricidade plena das tuas feições.
Concentro-me para tentar reter todos esses pormenores intrigantes que tão bem te delineam...
E eis que pela primeira vez, te enfrento com meu olhar.
E tu, que outrora me pareceras tão forte, tão corajosa... Desistes, simplesmente, de lutar contra a corrente de pensamentos profundos que meus olhos emanam, fugindo para esse teu abrigo, nessa só tua dimensão, como um pequeno e inocente animal ferido.
Olhas pela janela. O vidro embaciado com teu suave perfume, nuvens vítreas envolvem teu rosto angélico.
Tentas perceber, tentas entender o eco dos teus olhos, difuso nas irregularidades dessa vida, que reflecte normalidade, perfeição.
Não recebes resposta, nunca recebes resposta.
Observo com minúcia teu olhar confuso e frágil. Uma onda de compaixão assola-me e rebenta nas conturbadas curvas das minhas emoções.
Estendo-te um pedaço de mim, onde te possas agarrar, onde possas sobreviver.
E tu recusas-te.
Recusas-te a aceitar esse sentimento tão pedante que é a pena. Recusas-te a não saber espremer por ti mesma a importância daquilo que, por direito, é teu .
Aquilo que é, somente, teu.
Somos únicas neste Mundo. Afogámo-nos na mesma dúvida, na mesma incerteza do que é viver, do que realmente é ser.
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