És especial e nem notas...

Olhas em toda a tua volta e invejas os demais, dás-lhe a perfeição, a lealdade, a importância e esgotas todas as tuas forças, todas as tuas reservas.

Nem reparas nos teus olhos, no teu sorriso, nesses teus quentes sinais que queimam a tua cara, ou nos teus perfeitos caracóis desse tom chocolate que derrete à mínima carícia amigável.

Admiras a originalidade e nem reparas nos teus quadros, nos teus gestos, nas tuas expressões.

Precisas de te ver reflectida nos outros, com a sua expressão de agrado e de admiração.

E vais-te abaixo perante aquele rude comentário, daquela pessoa ignorante, ou ao te aperceberes que não és perfeita, mas simplesmente humana.

Dás-te conta que não precisas de ser Deus para teres valor e seres Alguém indispensável, fulcral.

Apercebes-te que podes sentir raiva, dor, medo, ciúmes e até mesmo inveja, e mesmo assim podes ser a mais generosa das pessoas, incapaz de magoar as outras; podes ser criativa, inteligente, boa em tudo o que fazes, sem teres de ser a melhor.

Tu exiges de ti, sem no entanto exigires dos outros.

Tu não gostas em ti, ou não consegues ver, aquilo que tu mesma valorizas nos outros.

Tens medo de ser infantil, e és das mais profundas criaturas: questionas as bases da tua própria existência, a raíz de toda a essência humana. E nem te apercebes que és única por seres como és.

Dás demasiado de ti aos outros. Procuras perceber o que há de errado contigo e nem sequer vês que também o outro pode estar a pensar no mesmo.

Tu preocupas-te se o outro gosta de ti, moldas-te às suas preferências, mas nem sequer pões em questão se gostas dele.

Não acredito que seja egoísmo, esquece essa ideia. Mentaliza-te que apenas és insegura e perfeccionista.

Gostas de emoção, gostas de chocolate, do risco, da tua liberdade, de simplicidade. Gostas de ser atrevida, de te sentires a latejar de alegria. Gostas de ser amada, ouvida, gostas de amar profundamente tudo o que te rodeia.

Gostarias de morrer feliz e de teres corrido todos os cantos do Mundo.

Gostarias apenas de te encontrar.


E de te amar.


‘Eu quero amar, amar perdidamente...’